Quisera pudesse ser um escarro
[dormente
Cuspido no mundo, no fundo do nada
E explodir na inexistência tão brevemente
Quanto merece um escarro ter essência
Mas meu viver não se perde: se sente...
Como arquiteto da estrada
Do nada da vida
[ao nada
De pedras rachadas
De mágoa e tristeza
De todo o tão pouco
Com que o desprazer abraça
O vulto de um sonho
Abandonado ao lado dos momentos
Em que se troca por memória
Em que se troca os pormenores
Pelo que pudermos inventar
[e distanciar
Em mentira feita vista, feita história
Feito o teatro, feito o caminho
Mas se não...
Então avante toda honestidade
Que uma hora pesada pode evocar
Que se levante por sua certeza
E que lute pela tristeza
Em legítima defesa
Vista a vista branca
E a alma negra
O verbo tinto
E o brado austero
Aleijando a fraqueza
Desmentindo a vida
Escudando a nobreza
De quem padece e não mente
De quem não vive e ressente
O nada que nos irmana
[para nada
[para sempre... |