Viver é sonhar do acaso a glória
Infecção que se põe a delirar
Sombra de uma sombra a se devorar
Numa batalha em que não há vitória
Somos essa esperança aleatória
Passos que desdenham o caminhar
O negro quando se põe a cantar
O ainda mais negro da memória
Por fora esse silêncio falado
Animal de si mesmo exilado
Teatro sem por detrás um sujeito
Por dentro essa meia paz de anemia
E um impostor que nos bate ao peito
Fazendo da razão a miopia
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