Vou definhar aqui
No quebrar-os-DNAs
De cada nascer do sol
Isso me vem como um nojo
[de respirar
E um ter de respirar
Para o que não quero
É o tédio, o grande, absoluto tédio
Sempre à espera da liberdade
De quem só tem mentiras a escolher
Reveste o tempo de chumbo
E aquilo que sempre quis
Demora para sempre a chegar
Mas quem ainda espera?
Não é que esta ilusão
Se apropria dos pensamentos!
Por falta de algo
Por falta de algo eu sou assim
E ainda me falta a palavra!
Não vou partir
Não quero chegar
Mais cansado por nada
Meu quadro é simples
Com previsão simples
E as convulsões: todas simples!
Não ser nada nisso tudo
Nascer nesse nada todo
Nenhum suspiro alivia
A covardia? Sei de cor
Bastam alguns nãos
Para que se fuja disso tudo
Lutar ostenta poder
O expectador não
Tem esse pressuposto
Dizem-me que deveria
Ser muitas outras coisas
Mas nada pode mudar?
Felicidade – está correto?
Está no dicionário
Da metafísica dos imbecis
A página vira
Mas a história é a mesma
Melhor seria esquecer
Melhor seria dar cabo a tudo
Mas com que direito a natureza
Me estraga até o sono!
E desprezo, com todo direito!
Minto e provo as mentiras
Para justificar mais desprezo
Mas tudo me pesa demais
Qualquer droga me pesa demais
Viver me é como existir às avessas
Só mais um dia qualquer
Em que o tempo não passou
Em que nada passou
[e esqueceu |