Paraíso Niilista – O Vazio e o Nada se encontram


 
Seção Reflexões
 

amizade

É inevitável que o jogo de interesses chamado amizade seja bastante volúvel. Por exemplo, quando, e apenas enquanto, algum indivíduo é nosso amigo, nós o bajulamos, elogiamos, enaltecemos; fazemos todo o possível para agradá-lo. Afirmamos repetidamente aos nossos amigos o quanto são importantes, virtuosos, inestimáveis. Em regra, isso tudo são mentiras descaradas; dizemos tais coisas apenas para iludi-los com um sentimento falso de importância a fim de que permaneçam do nosso lado. Amizades exigem que mintamos o tempo todo. Não são poucas as situações em que nos vemos forçados a defender nossos amigos de acusações que sabemos ser verdadeiras; se não mentirmos em sua defesa, perderemos sua amizade. Por outro lado, para resguardar a relação, calamo-nos sobre muitos dos defeitos que vemos, sobre muito do que realmente pensamos a respeito de nossos amigos. Em geral, somente descobriremos a verdade sobre o que se pensava a nosso respeito depois que certo indivíduo, talvez por uma desavença pessoal, deixar de ser nosso amigo. Antes disso, tudo o que tínhamos eram dois indivíduos que mentiam um ao outro por interesse. Apenas depois do fim da amizade a honestidade pode realmente vir à tona sem prevenções; o indivíduo torna-se livre para dizer aquilo que, em segredo, sempre pensou a nosso respeito; muitas vezes suas palavras nos chocam, pois talvez pensássemos que, pelo simples fato de ser nosso amigo, tudo o que o indivíduo dizia a nosso respeito era sincero. O sancta simplicitas!
André Díspore Cancian
24/03/2009
 
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