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A questão não é – e nunca foi – a importância do verde, da natureza, das plantinhas coloridas e das baleias cantarolando que nossos netos nunca verão; a questão não é que o planeta está ficando quente ou frio e as calotas polares vão derreter ou aumentar. Nada disso é novidade para ninguém. O que chama a atenção é a devoção com que os seguidores da seita ambientalista defendem suas ideologias – com aquele tom de politicagem misturada com ameaças de um futuro apocalíptico. A irracionalidade verde – que antes era monopólio do greenpeace – agora se alastrou até o couch potato voluntário que precisa de um dicionário para explicar o que é vida, mas que se dá o direito à pregação por ter plantado um pé de limão no quintal. Não é difícil perceber a similaridade desse movimento com uma espécie de panteísmo militante instalado em gente revoltada contra o tédio de suas próprias vidas, mas que querem alguém para culpar por seu próprio infortúnio – que não tem nada a ver com questões ambientais, e cujo receio fundamental relacionado às alterações das condições planetárias deve remeter a algo como o medo de a televisão a cabo sair do ar num futuro próximo ou à engorda da conta elétrica pelo ar-condicionado. Mas todo câncer começa pequeno. Salvar espécies em perigo de extinção para poder dar um sorrisinho para a câmera tornou-se coisa pequena demais – agora que sua causa ganhou adeptos worldwide, por que se contentar com essas mixarias? Podem constranger todos a respeitar qualquer porcaria que tenha uma molécula de DNA e chamar isso de reconhecimento da tradição biológica, pois todos os filhos da Natureza têm o mesmo direito, apesar de direito algum ter existido por 3,5 bilhões de anos. Agora a moda retrô dos descendentes de ameba é estender a baboseira humanitária de dignidade – que nunca funcionou nem em humanos – até os sentimentos íntimos do capim, tão verdinho, que alimenta as vaquinhas que não merecem sofrer para virar hambúrguer na boca dos terríveis, horríveis seres humanos que chegam ao absurdo de manifestar sua natureza predadora em vez de virarem adeptos resignados do verdismo, comendo carne de soja, mas não sem antes pedir perdão para as plantinhas, prometendo avanços na pesquisa genética para um dia também possuírem cloroplastos que geram energia limpa e, assim, acabar com a matança indistriminada de vegetais plantando seres humanos. Se dependêssemos desse tipo de mentalidade conservacionista – que levanta a bandeira da natureza e finge que ela evoluiu na Disneylândia –, os continentes estariam ainda amarrados para conservar a pangéia – cuja separação, de alguma forma, também deveria ser imputada ao homem – e conviveríamos com dinossauros que, depois de protegidos da extinção, foram moralizados ao ponto de se tornarem répteis afeminados envergonhados de seus dentes afiados, lamentando por vestirem couro, comendo tofu e tomando antidepressivos para suportar a inaturalidade doentia desse estilo de vida justificado por ideais tão ocos que só encontram paralelo no Evangelho. Esse assistencialismo humanista que age como o representante moral do planeta, do qual a vida nunca precisou, tirou das espécies o direito de desaparecer com alguma dignidade, vítimas de sua própria incompetência adaptativa, que sempre foi o princípio fundamental da manutenção da vida. Permitir que um bando de pessoas alucinadas pelo ideal de um altruísmo impraticável coloque espécies doentes e fadadas ao fracasso em primeiro plano porque se sentem culpadas pela interferência humana no planeta é a receita para o desequilíbrio mais ridículo que jamais existiu, com a Terra parecendo uma enfermaria, onde ficam os passarinhos que caíram do ninho, mas foram resgatados pela inconsciência ambiental da meta-espécie Homo conservare. Muitos cientistas sérios fizeram estudos para demonstrar que o problema é real, mas só provaram mesmo que não sabem do que estão falando. “O apocalipse não tardará se os humanos continuarem sendo maus e perversos com Terra, e o dia do Juízo Natural mostrará a fúria de um planeta magoado pela ganância humana”, alertam os novos profetas da 666². |
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André Díspore Cancian
10/04/2007 |
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