A boa psicologia faz generalizações grosseiras através de metáforas do que imagina serem os processos biológicos – que ficam nos bastidores do entendimento, morrendo de rir – depois de serem estuprados pelo reducionismo especulativo; ela funciona muito mal; é quase cega, mas olha na direção certa. A má psicologia faz muita coisa, faz qualquer coisa, menos conhecimento; é ininteligível e impossível de ser correlacionada com qualquer coisa real, exceto os livros de metafísica de onde foram recortadas. Ridícula em sua pretensão de explicar o subjetivo pelo mais subjetivo ainda. Essa não tem olhos, não tem ouvidos, não tem corpo, não tem rumo, não pode ter rumo – sequer pode traçar um objetivo –, só tem uma boca enorme e uma voz macia que despeja disparates por todos os cantos. Ela não funciona, mas inspira... Em ambos os casos, a prática sempre tem algo a ver com os benefícios decorrentes da evangelização de clientes com a metafísica indigesta do otimismo aprendido – que infecta esta área de ponta a ponta, se é que tem alguma ponta; ela exige ser pomposamente coroada pelo mito do “desinteresse altruísta” – um teatrinho cristão cuja incoerência é tão palpável e afronta tão diretamente o bom-senso de qualquer pessoa com um pouco de senso critico, que acaba-se – para não pensar no pior – tomando isso tudo como uma formalidade gramatical dos profissionais que vivem do clareamento de ovelhas. A verdade dói, mas dois minutos ao lado de alguém assim dói muito mais. |