Qualquer noção de realidade não seria, inescapavelmente, relativa, até mesmo arbitrária? De fato. Mas não pressuponhamos consensos inexistentes; não tentemos fazer vista grossa às batalhas filosóficas que cruzaram os séculos a respeito de tal assunto. Todavia, havemos de partir de algo. Esta insegurança diante da dispersão é inerente a toda investida ao desconhecido; a incerteza de cada passo no escuro deve revestir-se de cautela e circunspeção. Pois é certo que se buscamos esclarecimento, isso exige de nós alguma audácia – não na posição de quem compreende, mas na de quem quer compreender e, para isso, se lança, sóbrio, ao âmago do absurdo de nossa existência. O que provier desta jornada indicará o valor desse nossos pressupostos, sobre os quais caminhamos, titubeantes. |